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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Cazumbás: o ridículo, esquisito e cômico brincante do boi.

"O cazumba é um mascarado, oculta sua verdadeira identidade, comete ações que são proibidas por outros personagens, viola algumas regras, ele é considerado um transgressor, mas como ele é compreendido neste lugar do esquisito, do estranho e transita entre o religioso e o profano, ele é aceito e respeitado, ocupa o lugar do ridículo e da comicidade, sua função é fazer graça e trazer o riso. O cazumba é uma figura liberta e desmedida, seu limite transborda e segundo afirma Bataille “O limite nos é dado senão para ser excedido.”(BATAILLE, 1987:135).

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A máscara é um objeto que oculta a face e por isso foi perseguida pela igreja por muitos tempos, comparada a rituais diabólicos e recriminada pela sociedade. Desde então a máscara é questionada como um lugar de poder, que se encontra nesse diálogo entre o homem e seus deuses ancestrais, a máscara confere autoridade, autentica e legitima o ato ritualizado. O ato estético e simbólico de se mascarar, disfarçando o eu convencional e desnudando o gestual corporal, traz um estado de predisposição e entrega ao brincante para o personagem que ele vai ser, imbuído de muitos fundamentos e mistérios. “A máscara contém uma síntese de bases históricas, política e religiosa.”(LODY, 1999:11)."

Trechos retirados de O RIDÍCULO E O SAGRADO DO CAZUMBA: UMA PERFORMANCE DO AVESSO de JULIANA BITTENCOURT MANHÃES, publicado pela UNI-RIO